Porque se o José Wilker pode, eu também posso.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Indicados Oscar 2010

Indicados – Oscar 2010

[Finalmente, assisti a todos os dez filmes que receberam uma indicação para a cerimônia desse ano. Não foi assim tão fácil, ainda mais considerando que na cidade que moro somente 4 dos 10 foram passados no cinema...
Como consegui vê-los, você pergunta?
*não se esqueça que pirataria é crime e blá blá blá blá*
Então.
Três deles tem roteiros no meu blog, então já está meio que patente o que penso a respeito. Fiquei com muita preguiça de fazer o restante naquele formato, sem contar que escrever roteiro de filme bom nem é tão divertido assim.
Sendo assim, patrocinada pelas minhas férias extremamente improdutivas, apresento Os Indicados Deste Ano:]



1. Avatar
(Avatar, James Cameron, 2009.)

James Cameron e sua monstruosidade azul.
Todo mundo e seu cachorro que me conhece sabe o meu absoluto desprezo por esse filme. Pocahontas + Dança com Lobos no espaço. É simplista, é idiota, é lotado de clichês mal trabalhados e não consigo parar de pensar na quantidade de Haitianos que esse filme poderia ter ajudado se alguém tivesse dito “James Cameron, supera. Essa história não presta.”
De qualquer forma, por mais que me doa escrever isso, essa coisa deve ganhar Melhor Filme. Por que? Porque deu dinheiro, ora essa. E acho que já foi estabelecido que a humanidade é burra.
[Se você é fã do filme e achou os Smurfs do espaço como a melhor coisa que já viu na sua vida, e se sente ofendido em sua alma pelo que estou dizendo... o azar é seu. Não é minha culpa se nasceu sem gosto cinematográfico. Lembrando que não tenho nada contra quem achou o filme “divertido” ou algo do tipo. Mas desde quando um filme “legalzinho” merece um Oscar?]
Levando o prêmio máximo para casa, só nos resta rezar para que Deus esteja de bom humor e não deixe, de forma nenhuma, que James Cameron leve o de Melhor Diretor.
Pq nada vai ser pior do que ver esse homem acreditando com ainda mais força que o que ele fez foi válido em qualquer ponto, além do ponto de vista tecnológico da coisa.
Ah, e Avatar deve levar os prêmios técnicos também. Nada a dizer sobre isso, exceto que será bem merecido.


2. Bastardos Inglórios
(Inglorious Basterds, Quentin Tarantino, 2009.)
Quentin Tarantino está de volta. Com menos sangue e mais roteiro. Embora tenha dito (e repito) que o filme está mais maduro do que gostaria, é essa uma das razões que levou a Academia a finalmente dar indicações para ele (quer dizer, só UM prêmio por Pulp Fiction? Eles não tem nem vergonha na cara).
Embora seja um dos meus prediletos do ano, a chance desse filme ganhar é... na zona dos polinômios negativos. É claro que ficaria super feliz de ser provada errada, mas de jeito nenhum que os velhos críticos da Academia vão premiar um jovem diretor revolucionário que teve a cara de pau de dar de ombros para o Oscar.
A bem da verdade é que só consigo pensar em uma razão para esse filme ter entrado na lista desse ano: o aumento de cinco para dez vagas na categoria. (Deus sabe que seu filme vende bem mais legal se você pode colocar indicado ao Oscar de Melhor Filme na capa...) E como esse ano foi terrivelmente atroz em quesito filmes decentes lançados, não tiveram escolha a não ser lembrar da excelente produção do Tarantino.
Deve levar um Melhor Ator Coadjuvante por Cristoph Waltz (que já levou um Globo de Ouro, então o Oscar vai meio que se sentir obrigado a não cometer uma injustiça flagrante) e, se Deus estiver de bom humor e com uma bebida gelada na mão, levar o de Melhor Roteiro Original.
Migalhas, migalhas. Nem perto do que merece.



3. Um Homem Sério
(A Serious Man, Irmãos Coen, 2009.)

Tenho um problema não identificado causado por alguma razão obscura com os irmãos Coen. Um amigo meu jura que é causada pela popularidade deles nos EUA, e que eu, como boa indie-em-formação que sou, não posso evitar de odiar o popular.
Meu amor pelo Johnny Depp meio que quebra essa teoria, no entanto.
Todos os filmes que vejo dirigido pela dupla me deixam um tanto quanto... sei lá. Eles costumam ser bons, mas alguma coisa simplesmente não “clica” para mim. É como faltasse alguma coisa indefinida para que ele se tornasse perfeito.
Um Homem Sério não fica atrás. O filme é bom. O filme é interessante. O filme tem uma excelente construção, roteiro, atuação, iluminação e foi capaz de me envolver com o sofrimento do personagem. E ainda assim...
A verdade seja dita é que, depois de Fargo, esse é meu filme preferido dos dois. E um dos melhores do Oscar desse ano. Se tem chance? Olha, considerando como os EUA babam em cima dos irmãos, quem sabe?
Mais uma vez, 10 vagas, tão pouco filmes decentes para preenchê-las...



4. Educação
(An Education, Lone Scherfig, 2009.)
Ok. Aqui está meu filme preferido dessa lista. Aquele que sentei para assisti sem esperar nada e chorei de tão perfeito que é.
É isso que um filme deveria ser: roteiro, roteiro, roteiro, roteiro. Bem feito, bem escrito e, especialmente, bem atuado. Carey Mulligan deveria muito ganhar o Oscar de Melhor Atriz (que deve perder para Sandra-Bullock-loira-ajudando-os-pobres, mas tudo bem).
A história parte de uma premissa bem clichê: jovem de 16 anos encontra homem mais velho, rico e interessante, e se apaixona por ele. Aí você para e pensa: já vi isso antes. Aí você assiste dez minutos do filme e percebe o quanto você estava errado.
Não, esse filme não deve ganhar o Oscar de Melhor Filme, pq não há justiça nesse mundo. Esse foi uma das melhores coisas que vi nos últimos meses, e Deus sabe que sou muito chata para se agradar.



5. Up – altas aventuras
(Up. Pete Docter, 2009.) Existem duas teorias do pq esse filme conseguiu uma tão almejada indicação ao prêmio máximo do Oscar, e elas são:
a) a Academia queria se redimir do erro de não ter dado uma indicação para Wall-e, no ano anterior;
b) (e sinto muito por repetir, mas...) O dobro de vagas para a premiação e realmente nada de bom sendo lançado.

Ao meu ver, nenhuma das duas está correta. Quer dizer, desde quando a Academia se importa em ser justa? Fala sério, ingenuidade. Wall-e deveria sim ter sido indicado, e se duvidar merecia ganhar o Oscar porque o filme é fenomenal. Foi-se a época que algo considerado infantil era bobinho e ignorável. Go, Pixar, amo vocês.
Up é bom. Up é lindo. Up não chega nem aos pés de Wall-e. Up não merece um Oscar, mas certamente merece a indicação mais do que *cof* James Cameron *cof* alguns outros. Up é o tipo de filme que te deixa feliz com o futuro do cinema. Up vai ganhar o Oscar de Melhor Animação, e é basicamente isso.



6. Um sonho possível
(The Blind Side, Jonh Lee Hancock, 2009.)

Preciso tirar isso do caminho primeiro... (toma fôlego/) OSCAR BAIT! OSCAR BAIT! OSCAR BAIT!
Como esse ano não temos nenhum filme sobre o Holocausto, nosso costumeiro filme-designado-para-arancar-o-máximo-de-Oscar-possíveis é Um sonho possível. Do que esse filme trata, você se pergunta?
Ora, é a história de um jovem, negro, pobre, com um passado abusivo. E o que acontece com esse jovem, você se pergunta? Ora, ele encontra redenção através do esporte (não, dessa vez não é baseball, é futebol americano mesmo. A única diferença entre os dois é que o segundo consegue ser mais idiota que o primeiro) e do amor de uma família branca e rica e decente.
Ah, e mencionei que é baseado, mesmo que bem levemente e moldado a gosto, em uma história real?
Ok, só mais uma vez: OSCAR BAIT!
Olha, esse seria igual a milhares de outros filmes com exatamente o mesmo roteiro (acho que eles nem mesmo escrevem mais, só pegam páginas de antigos e moldam um novo. Quer dizer, é IGUAL), se não fosse pq... ele é pior. Sério mesmo. Tem coisas na sessão da tarde que são mais bem atuadas que esse filme. Ou que tem algo relacionado com desenvolvimento de personagem, essa arte tão esquecida pelos diretores/roteirista/atores de hoje em dia.
O cara negro-pobre-gordo-feito-sob-medida-para-ganhar-nossa-empatia não é capaz de atuar para salvar sua vida. Considerando que um dos nós narrativos da coisa era o fato do negro ser grande e forte, eles meio que tiveram que pegar qualquer um que preenchesse o papel, sem ligar muito se o cara era capaz de demonstrar emoções...
Perdi a conta de quantas vezes coloquei o dedo na garganta enquanto via esse filme, tendo meu irmão como companhia no gesto. Discurso clichê + cena de alívio cômico + cena de futebol americano. Esse looping por mais de duas horas. Taí o filme.
Duvido que tenha qualquer chance de ganhar Melhor Filme, mas Sandra Bullock deve receber um Oscar de Melhor Atriz por seu papel como A Boa Samaritana. Ela merece? Olha, nem sei. O fato é que o filme foi tão ruinzinho que só consigo me lembrar da minha sensação de alívio quando acabou...
E só para terminar: OSCAR BAIT!


7. Guerra ao terror
(The Hurt Locker, Kathryn Bigelow, 2009.)

Deixa eu começar dizendo que tenho um problema com filmes de guerra. Tenho mesmo. Para mim, são todos iguais. Com raríssimas exceções, não consigo ver qual é o propósito deles: soldados são mandados para guerra; lá aprendem como a guerra é algo ruim (é, pq eu realmente estava sob a impressão de ser um passeio no parque); lá eles fazem amizades que duram para vida e as vezes se arriscam e morrem para salvar o ator principal; tudo termina com alguma cena bonita de por de sol, fim de guerra, e renovação da esperança. BLEH.
Agora, Guerra ao terror é uma exceção. Mesmo não gostando do estilo, achei esse filme extremamente bem feito, com uma maneira crua-quase-documentário de apresentar suas cenas que achei uma ótima sacada. Os personagens me pareceram reais, não um ideal americano de bravura, que é o que normalmente se encontra em filmes assim. Além do mais, o fato de retratar uma guerra que ainda não acabou, e que é uma ferida aberta para a maior parte dos americanos, e não dar qualquer lição de moral ou pender para um dos lados (contra ou favor à ocupação).... algo me diz que o fato de ter sido dirigo por uma mulher tem correlação, viu.
Ao que me consta, esse filme tem mais chances de ganhar do que Bastardos Inglórios e menos do que Avatar. A verdade é que o único que realmente consigo ver tirando esse prêmio das mãos de JC é Guerra ao terror. Mas, mesmo assim, duvido que aconteça;
Se não levar Melhor Filme, deve roubar de Tarantino o prêmio por Melhor Roteiro Original. O que, sabe, é uma pena.




8. Distrito 9
(District 9, Neill Blomkamp, 2009.)

Até agora não entendi pq esse filme foi indicado....
[10 vagas, Livia. 10 Vagas, lembra? Sem contar, sabe, diretor cult pq é de uma minoria cultural? E a Academia quer provar que não são velhos babões contra a globalização]
Tá. Sei pq ele foi indicado.
Olha, ele não é exatamente ruim. Nem exatamente bom, ou excepcional como deveria ser para receber uma indicação. Ele até que vai bem, exceto pelo final e... tem roteiro dele mais para baixo, minhas opiniões são as mesmas até hoje.
A chance desse filme ganhar? Mas de jeito nenhum vejo isso acontecer.
Eu... juro, estou perplexa. Não esperava por essa.


9. Amor sem escalas
(Up In The Air, Jason Reitman, 2009.)

George Clooney interpretando ele mesmo, um solteiro convicto, bonitão, rico e bem sucedido profissionalmente, que vive a vida sem laços com ninguém e viajando de um ponto dos EUA a outro, demitindo pessoas. A mocinha que faz uma das amigas irritantes da Bella em Twilight é sua coadjuvante, e mostra que ela sabe, sim, atuar (só imagino o quanto deve ser frustrante sair da companhia do Clooney para ir gravar ao lado do Vampiro Que Brilha...) faturando inclusive uma indicação para Melhor Atriz Coadjuvante, que nunca vai ganhar, mas não vem ao caso.
Gostei muito desse filme, tenho um amor todo especial pelo George Clooney, adorei o final e a reviravolta que deram na história... mas duvido muito que chegue a ganhar qualquer coisa. Ele é um filme “light”, e filmes “lights” não ganham Oscar. Ao menos, não filmes “lights” que não gastaram bilhões em efeitos especiais na tentativa de esconder com tecnologia a incrível falta de roteiro...
Logo, sinto muito aos realizadores desse filme bem válido. Nem vai ser dessa vez.


10. Preciosa – uma história de esperança (Precious, Lee Daniels, 2009).
Último filme da minha lista, e também o último que assisti. Estava esperando a segunda parte do OSCAR BAIT Um sonho possível, dessa vez com uma negra-pobre-com-pais-abusivos-e-sem-futuro. De certa forma, estava certa. A diferença é que esse filme é realmente bom, com coisas como atuação sendo consideradas importantes no processo, sem contar aquilo que se tornou minha nova Meca: desenvolvimento de personagem, pessoas. Nem é tão difícil assim.
Temos a história de Preciosa, uma adolescente negra obesa que é continuamente estuprada pelo pai e agredida pela mãe. Está em sua segunda gravidez e nem ao menos sabe ler. Todo mundo sabe muito bem o que acontece por aqui, exceto que não é tratado de forma tão absurdamente milagrosa: em dois cortes de cenas e uma música, a pessoa deixa de ser um analfabeto funcional para se tornar um gênio da literatura (como em Um sonho possível, mais ou menos).
O que conta nesse filme, mais do que o enredo básico em si, é a atuação de Mo’Nique, que faz a mãe de Preciosa. Não me lembro da última vez que alguém arrasou tanto em um filme. Se ela não levar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, aí sim eu jogo a toalha desse prêmio. Ela conseguiu me deixar, ao mesmo tempo, com vontade de matar e de confortar o personagem. Um excelente, e um filme muito bom no geral.



7 comentários:

  1. Ainda tenho esperancinha de Avatar não ganhar, mesmo sabendo que é inútil. Torço por Bastardos Inglórios (é, eu sei) e não ficarei triste se Up ganhar. Não assisti os outros, então...

    ResponderExcluir
  2. Nossa, o André me indicou esse post e não esperava que ele fosse tão a minha opinião.

    São poucos os que pensam como eu, que Avatar tem um PÉSSIMO roteiro. Aliás, roteiro nenhum... Misture Pocahontas + Smurfs + Efeitos especiais e você tem esse sucesso de bilheteria.

    Gosto mais quando cinema não é sobre "uma expeciência tecnológica" e sim sobre aprendizado e boas histórias.

    Torço por Bastardos Inglórios, porque ADORO o Tarantino e esse filme foi um dos melhores do ano, pra mim.
    Torço por Up por ser uma ótima produção da Pixar.
    Torço por Educação por ser PERFEITO. To contigo nessa.

    Agora, que Avatar vai ganhar é FATO.

    PS: Queria Sherlock Holmes e Harry Potter nas cabeças. Qualidade pra quê?

    ResponderExcluir
  3. avatar é perfeito. isso td é inveja.

    ResponderExcluir
  4. concordo com tudo q vc disse. an education me surpreendeu muito, é meu preferido também. INFELIZMENTE avatar provavelmente ganha. mas nem tudo é injustiça, christoph waltz e mo'nique (quase certeza que ganham) merecem de verdade.

    ResponderExcluir
  5. Não falo sobre muito Avatar porque não vi ainda (e vou ver em 2D mesmo porque filme bom não se sustenta no Hopi Hari Sensations) mas adorei o que você falou dele, Lívia. XD
    Não suporto mais ouvir babação de ovo e defesa de roteiro ruim (lembrando que me baseio nas sinopses e críticas). Não é porque o James Cameron fez um smurf parecer real que tenho que engolir uma obra mal-feita.

    Entre todos os outros, só vi Bastardos. E não merece ganhar oscar não. Foda-se a academia, beijo. Não ter oscar é a maior prova de que é bom. Deixa os carecas pros milhões de computadores que ficaram renderizando pessoas azuis, o dinheiro precisa circular.

    E vou ver An Education amanhã. Confio em você, Líva. ;)

    PS: Pra mim o melhor do ano foi (500) Days of Summer só por começar com Regina Spektor. <3

    ResponderExcluir
  6. 100% irmãos Coen. Sabe que amo muito.

    (e, só pra naum perder o costume - die, James Cameron, die)

    ResponderExcluir
  7. Tá, formei minha opinião sobre Avatar: é um dos filmes da Disney mais bonitos que já vi.

    ResponderExcluir

vamos ver o quanto você discorda de mim