Porque se o José Wilker pode, eu também posso.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford

(The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford - Andrew Dominik)


(Pois é, eu voltei. Só cinco meses depois. O que posso dizer? Quando a vida aperta, a primeira coisa a se deixar de lado é a net.)



O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford é um filme que você provavelmente já viu, ainda mais contando que ele não é nenhuma estréia. Mas como o dito não passou no cinema da minha cidade (pois é, pois é) e só o assisti ontem, vai ser sobre ele mesmo que vou falar.


A história do filme é, bem... sobre o assassinato de Jesse James (Brad Pitt) pelo 'covarde' Robert Ford (Casey Affeck). Para quem nunca ouviu falar no nome, Jesse James foi uma lenda entre os assaltante/bandidos/pistoleiros americanos, roubando bancos e trens e vivendo livre, leve, solto por cerca de doze anos. Brad Pitt atua exatamente como o Brad Pitt sempre atua - o que não chega a ser uma crítica exata - retratando um homem que está ligeiramente se tornando mas paranóico e preocupado com a possibilidade de ser entregado para a polícia.

É nesse contexto que entra Bob Ford. Desde criança, sonhava em ser exatamente como Jesse James, acreditando que ele se tratava de um ser humano excepcional, capaz de escapar de cinquenta policias armados até os dentes sem suar, de transformar metal em ouro e de ficar invisível. É claro que, quando chega perto o suficiente para conhecê-lo, percebe que ele não "passa de um ser humano."

É nesse ponto que a relação dos dois muda e Rob Ford percebe que:

a) uma vez que Jesse James não é a reencarnação de Deus na Terra, ele bem que poderia lucrar alguma coisa entregando o cara para a polícia

b) se ele não tomasse alguma atitude, o próximo a levar um tiro na testa ia ser ele próprio, já que Jesse não é idiota e sabe que alguma coisa não estava muito bem na história toda.

Em volta desses dois personagens principais - ao meu ver, Robert Ford é o verdadeiro protagonista desse filme, ainda mais porque Casey Affeck arrasa no papel do garoto perdedor que morre de amores por seu ídolo - surgem vários secundários, todos membros do bando de Jesse e interessados em tirar vantagem de qualquer situação. Temos Dick Liddil (Paul Schneider), Wood Hite (Jeremy Renner) e Charley Ford (Sam Rockwell) como os mais importantes.


O filme é narrado por uma voz que tudo sabe e tudo vê, e que é responsável por alguma das construções frasais mais exageradamente poéticas do filme - e não, isso não foi um elogio. A fotografia é perfeita, com uma grande número de paisagens com uma forte semelhança com aquelas presentes nas propagandas antigas da marlboro.

Meu problema com o filme consiste em três coisas. Primeiro, o fato de que é muito longo. Quase três horas sentada no sofá me trazem recordações de Senhor dos Anéis. E as lembranças não são nada agradáveis.

Segundo, estruturaram com tanto cuidado a 'jornada' de Bob Ford até o momento em que realmente atira em Jesse James, que deixaram a parte posterior a morte muito fraca e vaga - embora não exatamente curta. E o que, me pergunto, acontece com Dick Liddil, um dos meus personagens preferidos na coisa toda?

Terceiro, o título. E nem é pelo fato de que ele conta o filme, mas sim pq ele sugere que Rob Ford é um covarde, dando a entender que Jesse James é um herói. E a coisa não é bem assim. Robert Ford pode ter sido um assassino, mas Jesse James não ficava muito atrás não. Era uma ladrão qualquer e só mesmo o mito e a fome americana por ídolos o transformou em tudo o que é hoje em dia.

Um comentário:

vamos ver o quanto você discorda de mim