Porque se o José Wilker pode, eu também posso.

sábado, 5 de janeiro de 2008

O passado

(El pasado - Hector Babenco)



É sempre a mesma ladainha. Sempre que um filme tem alguma contribuição brasileira - pode ser no roteiro, na direção, na atuação ou mesmo em um dos efeitos especiais de três segundos - a mídia nacional caí em cima como se fosse um pedaço de ambrosia. Pouco importando se o filme em si vale a atenção ou não. Afinal, temos que nos orgulhar de nossas produções, certo?

No caso de O Passado, temos um filme dirigido E escrito por um brasileiro - naturalizado, mas é quase a mesma coisa. Não precisava mais que isso para a crítica babar em cima. E, como sempre, superestimando o trabalho.


A história de O Passado gira em torno do protagonista Rimini (Gael García Bernal, que é, indubitavelmente, maravilhoso) e de como leva a sua vida, após o término de seu casamento de doze anos com Sofia (Analía Couceyro) - uma mulher totalmenete descontrolada e obcecada pelo marido.

Rimini vai de relacionamento em relacionamento, sempre com uma mulher que não bate muito bem da cabeça. Tudo pontuado por crises em sua profissão- Gael é um tradutor que tem problemas quando começa a esquecer as outras línguas.

Como normalmente acontece, o problema em filmes dramáticos onde o enfoque é o relacionamento humano, os personagens se tornam artificiais. É meio impossível que todos os personagens importantes da peça tenham sérios problemas mentais. O personagem do próprio Gael, em determinados momentos, age de uma maneira tão absurda que você se contorce na cadeira do cinema, pensando que ninguém pode ser assim tão... digamos apático, por falta de um termo melhor.


O filme com certeza não merece essa capa de obra prima que está sendo jogada sobre ele. Não tanto a direção em si, que usa cortes de cenas e passagem do tempo de forma bem convincente, mas o roteiro... A história é baseada em um livro e só consigo pensar que na adptação muitas partes se perderam, já que várias passagens não fazem lá muito sentido para mim.
Ou, como diz um amigo meu, a explicação sobre o filme é simples: "Ah, Livia, é que todo mundo precisa de terapia."