Porque se o José Wilker pode, eu também posso.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Oscar 2013



E lá vamos nós de novo.
Ano passado, quando descrevi a premiação Oscar 2012, disse: Sabe quando você tem uma banda preferida, e ela é mto foda? Sabe quando essa banda passa a não ser tão boa assim e lança músicas que, no passado, seriam no máximo lados B pra singles melhores? Você ainda gosta da banda, a música não é ruim, mas já foi tão melhor que dá até uma dorzinha escutar o cd novo”.
Um ano depois, a impressão que passa é que essa banda – com queda de popularidade e só mesmos os fãs antigos interessados no que acontece com ela – decidiu lançar um CD remix de sucessos antigos com uma ou duas faixas novas. E ninguém se importou.
O Oscar desse ano tá, se isso é possível, ainda mais bege do que o do ano passado, que pelo menos tinha um outro filme muito, muito bom que fazia você ficar feliz pelo que estava acontecendo no mundo do cinema. Esse ano... ok, não tem nada horrível nessa lista. Não tem nenhum filme que te faz questionar a sanidade da galera responsável pelas indicações (“Cavalo de Guerra”, tô olhando pra você). Mas também não tem nenhum “Discurso do Rei”, “Cisne Negro”, “O Artista”.
Esse Oscar é o quinto eliminado da sétima edição do BBB: esquecível.
O que não quer dizer que não tenha filmes relativamente bons – só não tem nada que te faça gritar PUTA MERDA quando está assistindo, nada que para mim deveria ser digno de um Oscar. (Ok, 2 exceções possíveis: “Amor” e "Indomável Sonhadora", mas ambos são filmes muito mais Cannes do que Oscar, se entende o que quero dizer).

Agora, sem mais delongas, em ordem aleatória, os nove indicados desse ano, uma vez que Pixar não lançou nada bom o suficiente pra ser colocado nessa lista. 
(E não preciso nem dizer, mas essa é a minha opinião pessoal, e como até onde saiba não sou Deus, tem todo o direito de descordar dela)


ARGO 


                                                                                    (Argo. Ben Affleck, 2012)

Aí alguém me fala que tem um filme dirigido pelo Ben Affleck.
Aí alguém me fala que o filme dirigido pelo Ben Affleck está indicado ao Oscar.
Aí alguém me fala que o filme dirigido pelo Ben Affleck é favorito ao Oscar.
Sim, confesso que pensei que o mundo estava perdido. Que caralhos o Ben Affleck, mais conhecido como o amigo do Matt Damon com menos talento, tava fazendo dirigindo um filme?
E aí eu queimei minha língua.
Particularmente, tenho um prazer todo especial em queimar minha língua em casos assim. Não que ache que Argo seja a melhor coisa do mundo depois de sorvete de flocos, mas é um filme interessante que conta uma ótima história com direção... competente (o que explica ele não ter sido indicado para Melhor Diretor – nada demais na direção aqui. Nada de menos também, então you go Glen Coco).
Argo conta a história aparentemente real da operação de resgate da CIA de 6 civis americanos presos no Irã em 1980, usando uma desculpa tão absurda que não vou nem contar qual é, pra evitar qualquer tipo de spoiler se você não viu o filme ainda.
O filme é ok. Bom-ok. Melhor do que esperava, com certeza. E ainda acho que podiam ter colocado outra pessoa além do Ben Affleck para o papel principal (oi, ego, tudo bem com você?), alguém com um pouquinho mais de carisma – mas isso também é pessoal. O amor das pessoas por esse filme, e o favoritismo (deve mesmo ganhar Melhor Filme, do jeito que a coisa anda) pra mim vem do fato de que, dentre os indicados, ele é o melhor que ainda segue uma linha convencional-popular de desenvolvimento de narrativa. Não é melhor nessa lista, mas é bom o suficiente e vai agradar audiências por ser bem aquele feijão-com-arroz narrativo que estamos acostumados. Sem surpresas, mas sem problemas também.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Ator Coadjuvante (Alan Arkin); Melhor Roteiro Adaptado; Montagem; Trilha Sonora; Edição de Som; Mixagem de Som.
Deve Levar: Melhor Filme (a não ser que “A hora mais escura” surpreenda a galera, e o Oscar resolva ir na contramão de todas as outras premiações do momento – o que sempre pode acontecer, mas não é lá muito provável.) Melhor Roteiro Adaptado é outra possibilidade, que pra mim devia ir pra "Indomável Sonhadora", mas fazer o quê. 



A HORA MAIS ESCURA


(Zero Dark Thirty. Kathryn Bigelow, 2012)

Filme dirigido por Kathryn Bigelow, mais conhecida como a ex-mulher do James Cameron que ganhou o Oscar no ano em que Avatar estava indicado, A hora mais escura narra a operação que conseguiu matar Osama Bin Laden. Focando-se na personagem Maya (Jessica Chastain), e em como as informações foram conseguidas e levaram ao paradeiro do cara mais procurado do mundo.
Basicamente, esse filme segue o mesmo estilo cinematográfico que Guerra ao Terror, filme que levou o Oscar de Melhor Filme. Aquele estilo meio documentário, de câmera observadora, imparcial e fria. Pessoalmente, achei esse filme muito melhor do que Guerra ao Terror, quem sabe pq a temática dele me pareceu mais interessante – como é mesmo que os EUA acharam o cara depois de tantos anos? Sempre quis saber, e agora Hollywood me dá uma versão dramática dos fatos.
Um dos melhores filmes dessa lista, um filme que tem mesmo cara de Oscar e não cara de Foi O Melhor Que Deu Pra Achar Pra Colocar Nessa Lista. Foi tão lindo ver uma personagem principal feminina que não e tratada em nenhum momento como mulher-clichê-de-cinema. Ninguém liga que ela seja mulher, ela não é um símbolo feminista ou um mero par romântico – é simplesmente alguém que tem peitos. Jessica Chastain está indicada para Melhor Atriz e... é, deve levar, mas não merecia não. Desculpa, linda, mas Emanuelle Riva devia ganhar de você de pé nas costas e sem usar as mãos.
Em geral, é um bom filme, é um bom roteiro – ah, e tem toda a questão da galera estar reclamando que esse filme faz apologia a tortura. Pra mim, esse filme mostra como a tortura foi vital pra obtenção de informações – o quê, vai me dizer agora que isso é mentira? - sem chegar a ser explicitamente a favor ou contra. Podia ser meia hora menor (falar isso de todos os filmes, te contar, gente, estou velha demais pra filme de 2h30), mas vale a pena assistir se ainda não fez isso.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Roteiro Original;  Melhor Atriz Principal (Jessica Chastain); Montagem;  Edição de Som.
Deve Levar: Existe a possibilidade de Melhor Filme. Na verdade, tirando “Argo”, esse é o único que vejo ganhando o prêmio máximo. É possível que também leve Melhor Atriz Principal, o que seria uma tristeza pq, por mais que eu goste da atuação da Jessica Chastain nesse filme, é, não. Ainda acho que Melhor Roteiro Original devia ir pro grande mestre Tarantino, mas talvez leve esse prêmio caso perca Melhor Filme.



O LADO BOM DA VIDA


(Silver Linings Playbook. David. O Russel, 2012)

Esse é o filme “light” desse ano do Oscar. A gente sempre tem um desses ou um Oscar Bait. Normalmente eles são mais hipsters (Juno, Pequena Miss Sunshine). Outras vezes só tem um pouco mais de humor negro (Amor sem Escalas). Em comum eles têm o fato de que são, em geral, ótimos filmes. E que nunca, nunca, nunca, vão ganhar um prêmio “sério” como o Oscar.
O lado bom da vida segue um casal de pessoas com problemas psicológicos – Pat (Bradley Cooper) bi-polar que quase matou o amante da esposa a pancadas, e  Tiffany (Jennifer Lawrence) que após a morte do marido entrou em parafuso e usa o sexo com estranhos como forma de punição. Tem uma competição de dança e tals, mas não vou explicar muito mais do que isso – vai lá assistir e ser feliz.
O lado bom da vida é um daqueles filmes que existe totalmente porque o elenco principal dele é uma coisa de Deus. Jennifer Lawrence é outro nível, chega a ser ofensivo como ela é linda e talentosa e só tem 22 anos. Bradley Cooper, que até então eu só conhecia como o Cara Mais Bonito de Se beber não case, também está ótimo. Os dois contam com indicações para Melhor Ator e Atriz, que nunca vão levar pq Oscar. E temos também Robert De Niro, que é outro que raramente decepciona. As estrelas se alinharam e nos deram um elenco maravilhoso pra um filme super válido.
Vale muito a pena de assistir, mesmo que não deva levar nada de prêmio.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Atriz Principal (Jennifer Lawrence); Melhor Ator Principal (Bradley Cooper); Melhor Ator Coadjuvante (Robert De Niro); Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Atriz Coadjuvante (Jacki Weaver); Melhor Direção; Montagem.
Deve Levar: um grande sorriso por ter participado da premiação. Se acharem que a injustiça foi muito grande, existe a chance de Melhor Roteiro Adaptado. Mas isso deve ir pra "A hora mais escura mesmo" mesmo.


OS MISERÁVEIS


(Les Misérables. Tom Hooper, 2012)

No Natal de 2012, um dos filmes que eu mais estava esperando chegou aos cinemas. A adaptação cinematográfica do musical, que é a adaptação para os palcos do romance gigantesco de Victor Hugo, Os miseráveis. Honestidade: é o tipo de filme que, se vc não gosta de musical, nem adiante ir ver.
E gostar de musical não é gostar de Chicago. Esse é um daqueles musicais pesados, com poucas cenas faladas, em que todo mundo canta o tempo todo, sem respirar, sem parar, freneticamente.
Um dos maiores problemas desse filme é justamente esse: o livro é gigante, o musical da Broadway é gigante, e o filme corre o tempo todo tentando fazer jus a isso. Você mal tem tempo de se acostumar com o que tá acontecendo e BUM Jan Valjean tá solto e BUM ele viu a luz divina e BUM revolução francesa (que não é a Grande Revolução Francesa, galera, vamos prestar atenção no filme) e BUM Fulano se apaixona e BUM Ciclano morre. É um caos. Mas é um caos compreensível. É um material tão denso que seria impossível transpor para uma produção de menos de 3 horas sem ou sacrificar pedaços enormes da narrativa ou correr como um louco. Particularmente, acho que deviam ter feito uma mini-série desse projeto, com 4 ou 5 capítulos. Isso teria permitido um fluir narrativo que faltou demais nesse filme. Mas não se pode ter tudo.
Ok, agora coisa boa: eu amo musical, então tem essa. Anne Hathaway pode pegar seu Oscar e sair dançando com ele, porque a interpretação dela de “I dreamed a dream” fui uma das mais lindas que já vi. A escolha estética de filmar a maior parte dos números musicais em close deu um ar intimista e colocou todas as fichas na atuação, e na habilidade dos atores de segurar o público só com a atuação na sua forma mais pura. Agora, não sei porque caralhos escolheram o Russel Crowe para fazer o Javert. Quer dizer, sério mesmo, universo? Ele. Não. Canta. Ele declama. Ele declama pq ele não canta.
Por favor. Não faz isso comigo, filme. E não me faz ele cantar dueto pq ELE NÃO CANTA.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Ator Principal (Hugh Jackman); Melhor Atriz Coadjuvante (Anne Hataway); Canção Original; Figurino; Mixagem de Som.
Deve Levar: Melhor Atriz Coadjuvante. Quer dizer, se não quer ver um filme de quase 3h de pessoas cantando, vai no youtube e só vê a cena dela cantando “I dreamed a dream”. Suficiente pro Oscar. Canção Original deve ir pra "Skyfall". Deve levar Mixagem de Som. 




LINCOLN


(Lincoln. Steven Spielberg, 2012)

Ai meu Deus do céu que filme chato.
Desculpa universo, mas é verdade. Esse é um dos filmes mais chatos que vi nos últimos anos. Meu querido progenitor, que estava vendo comigo, arregou antes de chegar em 1h, de tão chato que estava.
Sabe o que é esse filme? É como assistir TV Senado por 2h30, com a ocasional aparição do Lincoln (Daniel Day-Lewis), que contava uma historinha com sentido metafórico pq ele é Jesus.
Ok, tô sendo mais implicante que o normal. Eu sei. Mas... esse filme sugou muito tempo da minha vida, sem prender nada da minha atenção. Como já disse antes, filme histórico é muito difícil de se fazer pelo simples fato de que o público já sabe o final. Ou pelo menos, deveria. O público SABE que o Titanic vai afundar, então a coisa mais importante do filme não deve ser isso, pq isso é óbvio (a coisa mais importante do filme é se o casal vai sobreviver e casar e ter 3 filhos e um cachorro, não se o navio vai afundar). O público sabe que Lincoln libertou os escravos. Então você vê um filme com um monte de gente (que não o Lincoln, sério, ele aparece muito pouco) maquina e faz tramoias políticas para que a lei passe... e continua tramando e continua fazendo aquela famosa troca de favores... e ainda mais um pouco... e a lei passa. THE END.
Se ao menos fosse a história de como Lincoln chegou ao poder, a história da vida dele, antes de assinar a lei. Mas não. É só isso. Eles assinam a lei. (oh, não, spoilers!). Te contar que nem sei classificar esse filme como bom ou ruim, ele é tão chato que não sou capaz de ser parcial nem tentando.
Talvez existam pessoas que gostem desse filme. Eu certamente não sou uma delas.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Ator Principal (Daniel Day-Lewis);  Melhor Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones); Melhor Atriz Coadjuvante (Sally Field); Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Direção (Steven Spielberg); Figurino; Montagem; Trilha Sonora; Design de Produção.
Deve Levar: Possivelmente, Melhor Ator. Não vou nem questionar essa, pq Day-Lewis é excelente. Se não fosse pela Hathaway, apostaria na Sally Field como Melhor Atriz Coadjuvante. Se levar Melhor Diretor vai ser pq querem dar um prêmio pro Spielberg, pq sério.


AMOR


(Amour. Michael Haneke, 2012)

Amor é um filme austríaco. Já começa por aí. É um filme falado em francês sobre o relacionamento humano. É um filme europeu sobre o amor, galera.
Só por aí você já sabe se é o seu tipo de coisa, ou não. Eu não tenho sentimento algum, nem contra nem a favor, sobre filme europeu em geral (a falta de trilha sonora me incomoda um pouco, mas fora isso). Mas uma verdade é que preciso estar no clima pra assistir, pq o estilo é tão completamente diferente de Hollywood tradicional que é bom vc saber disso antes de embarcar nessa.
Amor parte do derrame que Anne (Emanuelle Riva) sofre um dia em casa, e o do marido Georges (Jean-Louis Trintignant) cuidando dela. Os dois já são de idade, foram casados pela maior parte da vida, têm uma filha. O amor dos dois não está em questão, mas sim como esse amor se manifesta e é interpretado. O silêncio é muito mais significativo que o diálogo, e todas as cenas, por menores que sejam, tem uma razão de ser.
Esse é um filme, digamos, complicado de assistir. É um lindo filme, muto bom, mas estaria mentindo se dissesse que a minha mente criada por Hollywood não ficasse entediada em alguns momentos. Do mesmo jeito que Os miseráveis corre demais, Amor anda em seu próprio ritmo. O final desse filme é uma das melhores coisas nesse Oscar, e se eu pudesse escolher, esse seria o filme que levaria o prêmio máximo. Vai levar Melhor Filme Estrangeiro, é claro, mas merecia bem mais. É um filme que exige um pouco mais de comprometimento, mas compensa muito no final. Se não o melhor dessa lista, top 3.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Filme Estrangeiro; Melhor Ator (Jean-Louis Trintignant); Melhor Atriz (Emanuelle Riva); Melhor Direção (Michael Haneke).
Deve Levar: Melhor Filme Estranheiro.
Merecia Levar: Melhor Ator e Melhor Atriz. Gente, o que é essa mulher de cama, interpretando uma pessoa com derrame querendo se comunicar mas não conseguindo?


AS AVENTURAS DE PI


(Life of Pi. Ang Lee, 2012)

Lembro de ter visto uma galera falando desse filme e não saber do que se tratava. Quando perguntei o que era, me falaram que era sobre um cara que fica preso num barco com tigre. Aí pensei, nossa que porre.
Não é legal quando estamos certas?
Tá. Esse filme não chega nem perto de ser tão chato quando Lincoln, então tem essa. Esse filme é visualmente lindo, que dá vontade de emoldurar e colocar na parede de um museu de tão linda que a cinematografia é em alguns momentos. Eu estava bem interessada no começo, quando o Pi Adulto (Irrfan Khan) conta pra um jornalista qualquer sobre a sua vida na Índia e como ele teve que se mudar para o Canadá, daí teve um acidente com o navio e ele acabou com um tigre no barco. E é isso.
Estava tão interessante, com um estilo meio Pushing Daisies de narrativa, e então: nada. É o Pi Adolescente num barco com o tigre. Por 1h30. Foi como assistir 136 horas de novo – você sabe que é bem feito, sabe que é bem narrado, sabe que é uma boa história, mas Deus meu acaba logo que quero dormir.
Esse filme tem momentos muito bons. Momentos muito lindos. E partes que podiam ser cortadas sem dó – se isso tivesse 1h30 seria um filme tão melhor que é um absurdo. Pi Adolescente é um bom ator, e o tigre no barco se comporta como um tigre de verdade, e não um tigre da Disney, então ele dá medo algumas vezes (o que é sempre bom). Meus problemas com o filme foram: o tempo; a questão religiosa forçada em muitos diálogos, que seria muito melhor deixada subentendida no processo; as transições de cena que foram um tanto quanto... estranhas.
Só pela cinematografia eu já indicaria esse filme, e ele não é ruim, longe disso. Mas pessoalmente,  cansei logo do cara sozinho num barco com um tigre (ainda mais pq, como é ele adulto que narra a história, sei que ele não morreu, então pq devia me preocupar se o tigre ia comer ele vivo ou não?). Muita gente gostou, mas pra mim se for pra ver filme com um ritmo mais parado, veja Amor.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Direção (Ang Lee); Canção Original; Roteiro Adaptado; Direção de Fotografia; Montagem; Trilha Sonora; Design de Produção; Edição de Som; Mixagem de Som; Efeitos Visuais.
Deve Levar: esse filme sofre do mesmo mal que "Hugo Cabret" sofreu ano passado - é muito "infantil" pra levar Melhor Filme. Pode ser Melhor Direção, mas duvido muito. Devia levar  TODOS os prêmios relacionados à estética do filme: Efeitos Visuais, Fotografia, Design de Produção. É seriamente lindo. 


INDOMÁVEL SONHADORA


(Beasts of the Southern Wild. Benh Zeitlin, 2012)

Primeiro, um minuto de silêncio pelo título nacional desse filme. Sério, Brasil, Indomável Sonhadora? Vocês não querem que as pessoas vejam esse filme, é isso?
Agora, esse é meu filme preferido dessa lista, juntamente com Django e Amor. Indomável Sonhadora é uma coisa linda de se assistir, apenas 1h30 (um viva pra filmes com menos de duas horas!) mais do que o suficiente para contar a história de um grupo de pessoas que vive numa região destinada a ser alagada em Louisiana. Narrada através dos olhos de uma menina, a excelente Quvenzhané Wallis como a atriz mais nova a ser indicada ao prêmio de Melhor Atriz, Indomável Sonhadora é um retrato humano cruel na sua simplicidade infantil. O filme é feito de pequenos momentos, traz uma direção impecável e um roteiro excelente. Lindo. Não tenho o que dizer sobre esse filme exceto: assista e seja feliz. Tenho fé que o Oscar dê na cara da sociedade esse ano e premie essa beleza com Melhor Filme e Melhor Direção. Justiça seria feita.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Direção (Benh Zeitlin); Melhor Atriz (Quvenzhané Wallis).
Deve Levar: Infelizmente, nada. Deus tá vendo, Oscar. Deus tá vendo.
Merecia Levar: Todos os prêmios a que foi indicado. 


DJANGO LIVRE


(Django Unchained. Quentin Tarantino, 2012)

E Tarantino está de volta;
Quem me conhece sabe que tenho todo um amor pelo trabalho desse diretor (não vou dizer que tenho um amor por ele, pq Tarantino é uma das pessoas mais insuportáveis do mundo, mas quem se importa?). Django Livre é Tarantino sendo Tarantino, só que no Velho Oeste. Lembro de ter achado a escolha um tanto inusitada quando fiquei sabendo que ele ia produzir um faroeste, mas funciona. Tudo nesse filme funciona – a trilha sonora, o roteiro, a atuação maravilhosa do Christoph Waltz como o Dr. King Schultz, a direção... é mais um ótimo trabalho desse diretor. Django Livre conta a história de Django (Jamie Foxx), um escravo livre que se junta ao caçador de recompensas Schultz (melhor personagem do filme de longe) para recuperar sua esposa, escrava comprada pelo Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Esse filme faz aquilo que todos os filmes do Tarantino sempre fazem – quando você acha que vai acontecer X, acontece 89. Não dá pra adivinhar o final, mal dá pra adivinhar a próxima cena.
Não, não vai ganhar Melhor Filme – até parece que Tarantino ganha isso. Não foi dessa vez por DiCaprio, também, coitado – não foi nem indicado dessa vez. Mas é um dos meus favoritos desse Oscar tão bege que até a Meg Ryan acharia que está faltando um pouco de cor.
Indicações: Melhor Filme; Melhor Ator Coadjuvante (Christoph Waltz); Melhor Roteiro Original; Direção de Fotografia; Edição de Som.
Deve Levar: Christoph Waltz merecia, sem dúvida, Melhor Ator Coadjuvante. Mas como ele já ganhou no último filme com o próprio Tarantino, não sei se leva dessa vez ou não. Melhor Roteiro Original seria bem mais do que merecido.