Porque se o José Wilker pode, eu também posso.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Descrítica Apresenta

Stanley Kubrick

Aiai, Kubrick. O segundo diretor preferido dos neo-indies-pseudo-intelectuais-mamãe-entendo-de-cinema (o campeão imbatível de referências é, claro, Ingmar Bergman). É sempre complicado falar dele, uma vez que a coisa normalmente acontece assim:
Time “Já Passei Dessa Fase”: Kubrick? Superestimado.
Time “Descobri Que Quero Ser Cinéfilo”: Gênio. Viu o que ele fez em Laranja Mecânica?
Time “Tenho American Pie Nos Preferidos Do Filmow”: Quem?
E, para ser bem honesta, qualquer uma dessas três visões me incomoda.

Tenho uma relação meio amor-ódio com esse diretor. Não vi tantos filmes dele quanto deveria (é triste de perceber que não assisti nem metade da filmografia de Kubrick, e só falta um para completar a do Shyamalan, mas a gente tenta superar essa), então não é como se tivesse aquela propriedade para falar profundamente sobre o assunto. Mas não é como se uma coisa pqna dessas fosse me deter, logo....

Lolita -1962



Finalmente, depois de anos e anos assisti esse filme. É uma espécie de vitória pessoal isso, já que estou nessa de vejo-não-vejo desde a época do colegial. Todo mundo sabe pelo menos a base da trama desse filme: um cara mais velho desenvolve uma obsessão sexual por uma adolescente. Não vou nem explicar mais nada, qto menos se sabe sobre um filme, mais interessante é para assistir.
Quem já me viu falando sobre Kubrick, já escutou a minha reclamação básica desse diretor: ritmo. Oh, Deus, ritmo. Peter Jackson não é nada perto do que Kubrick consegue fazer. Na verdade, ele só não é medalha de ouro no quesito Como Arrastar Seu Filme Para Que Ele Pareça Ter O Dobro De Duração pq Kurosawa existe.
[deixa só eu clarificar: conseguir que seu filme seja monótono é fácil. Qualquer um faz isso. Mas conseguir que seu filme seja bom, interessante E MESMO ASSIM monótono é um feito para poucos. Sei que parece uma contradição, mas é isso que Kubrick faz comigo: que legal isso... quanto falta para acabar mesmo?]
Mas, tirando essa coisa básica do caminho, presente em todos os filmes que vi dele (mesmo Laranja Mecânica e Doutor Fantástico podiam ser um pouco menores. E nem me faça começar falar de Iluminado), Lolita é um filme e tanto. Você pode gostar dos personagens, ou odiá-los, mas duvido que consiga ficar indiferente. Fora isso, ainda tem a quantidade absurda de duplo sentido presente no filme, especialmente no começo. Sem brincadeira, fiquei até preocupada – por um segundo foi como se tivesse caído na 4ª série: qdo td o q td mundo fala parece querer dizer outra coisa. A cena da festa, logo no começo da narrativa: te desafio a não pensar besteira.
Considerando que o tema do filme é obsessão sexual e que nem um beijo é trocado na tela, e mesmo assim vc sente a doença de praticamente todos os personagens do filme... bom, não é coisa para qualquer um. Se nunca viu Kubrick, esse é um bom lugar para começar.


Doutor Fantástico – Ou Como Parei de Me Preocupar E Amar A Bomba -1964

(Dr. Strangelove - or how I learned to stop worrying and love the bomb)

Ok. Você não explica a trama de Dr. Fantástico (ao menos, não de forma satisfatória). Até pq, bem mais importante do que a trama em si, são os diálogos, as montagens, as cenas. Qual a graça de um cowboy cavalgando uma bomba atômica? Nenhuma, a não ser que você veja essa cena no meio do que, para mim, é o melhor filme do diretor. Comédia de humor negro, temperada com nazismo e bomba atômica, e Peter Salles (também em Lolita). O que mais alguém pode querer?
Ah, e não podemos esquecer que o filme tem apenas 95min, então mesmo sendo feito pelo Sr. Kubrick, ainda não fica tão grande assim quando poderia ficar (2001 tem 141min, e juro que passei cinco horas sentadas no sofá. Tenho certeza).



Descrítica Não Apresenta:

De olhos bem fechados


(Eyes Wide Shut)

Último filme do diretor – uma pena acabar a carreira tendo Tom Comedor De Placenta Cruise no papel principal, provando mais uma vez que não tem a menor química com sua então esposa Nicole Kidman (vulgo, a Estátua De Cera).
Evidente que não gosto do casal principal, mas ainda poderia relevar isso se eles conseguissem me passar qualquer tipo de emoção. Até a trama do filme não me convence: casal entre em crise quando o marido descobre que a esposa pensou em, um dia, talvez, quem sabe, colocar um par de chifres nele. O que temos a seguir é uma sequência de duas horas em que Tom Cruise tenta dar o troco na esposa, sem conseguir – pq quem vê pensa que um médico com a cara do TC ia ter problemas em arranjar um caso extraconjugal, mas beleza.
Nada nesse filme me cativou (Pequeno Príncipe/): os atores, a história, o cenário... nem mesmo me deixou com aquela sensação de tensão e desconfiança que deveria ficar quando o TC entra na paranoia.No final, td o que senti desse filme foi: desperdício de vida. Teria sido bem melhor assistir episódios velhos de Friends...